Dados

Questões gerais
Educação
Saúde
Tópicos específicos
Ensino fundamental e secundário
Serviços públicos
Localização
São Paulo
Brasil
Área de Influência
Cidade
Data de início
Data de término
Em andamento
Não
Tempo limitado ou repetido?
Um único período de tempo definido
Finalidade/objetivo
Desenvolver as capacidades cívicas de indivíduos, comunidades e/ou organizações da sociedade civil
Abordagem
Consulta (por exemplo, audiências públicas)
Espectro de participação pública
Consultar
Número total de participantes
20
Aberto a todos ou limitado a alguns?
Aberto a todos com esforço especial para recrutar alguns grupos
Cara a cara, online ou ambos
Online
Tipos de interação entre os participantes
Expressar opiniões/preferências apenas
Nenhuma interação entre os participantes

CASO

Consulta pública sobre o retorno das aulas presenciais em Mogi das Cruzes/SP

Questões gerais
Educação
Saúde
Tópicos específicos
Ensino fundamental e secundário
Serviços públicos
Localização
São Paulo
Brasil
Área de Influência
Cidade
Data de início
Data de término
Em andamento
Não
Tempo limitado ou repetido?
Um único período de tempo definido
Finalidade/objetivo
Desenvolver as capacidades cívicas de indivíduos, comunidades e/ou organizações da sociedade civil
Abordagem
Consulta (por exemplo, audiências públicas)
Espectro de participação pública
Consultar
Número total de participantes
20
Aberto a todos ou limitado a alguns?
Aberto a todos com esforço especial para recrutar alguns grupos
Cara a cara, online ou ambos
Online
Tipos de interação entre os participantes
Expressar opiniões/preferências apenas
Nenhuma interação entre os participantes

Consulta pública realizada pela Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes, município no interior de São Paulo (Brasil), entre janeiro e fevereiro de 2021, sobre o retorno das aulas presenciais nas escolas - que estavam suspensas devido a pandemia de Convid-19.

Resumo

Este estudo de caso analisa uma consulta pública realizada pela Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes, município no interior de São Paulo (Brasil), entre janeiro e fevereiro de 2021. A nova gestão da Prefeitura, empossada em 01 de janeiro de 2021, consultou a população sobre o retorno das aulas presenciais nas escolas - que estavam suspensas desde março de 2020. As informações aqui apresentadas foram coletadas no site da Prefeitura de Mogi das Cruzes e em uma entrevista semi-estruturada realizada com o então secretário interino de Educação, em abril de 2021.

Problemas e propósitos

A pandemia do covid-19 instaurou um cenário inédito globalmente. No Brasil, a ausência de coordenação federal sobre condutas de enfrentamento à pandemia fez com que governos subnacionais tivessem que assumir o protagonismo de decisões importantes. Uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2020, conferiu autonomia para governadores e prefeitos instituírem medidas contra a pandemia, como regras de isolamento e quarentena, restrição de transportes e circulação em rodovias. As decisões sobre fechamento e reabertura de escolas se encaixam nessa categoria.

No estado de São Paulo, o Governo Estadual estabeleceu o Plano São Paulo, que definia critérios e cronogramas para o fechamento e reabertura de diferentes setores - sendo as escolas um deles. No entanto, o plano indicava estas fases como sugestões de reabertura, com autonomia para cada município deliberar sobre o retorno das escolas municipais e particulares de seu território.

Diante da dificuldade de tomar essa decisão, que envolvia aspectos educacionais, sociais, econômicos e sanitários, e cujos desdobramentos poderiam ser impopulares para a gestão, a Secretaria de Educação da Prefeitura de Mogi das Cruzes decidiu abrir uma consulta pública para entender qual a percepção da população sobre a reabertura das escolas. Além disso, a consulta identificava quais as medidas consideradas essenciais pelos cidadãos para a garantia da segurança sanitária.

A Prefeitura tinha preocupações em relação à repercussão que a reabertura das escolas poderia ter com os cidadãos. Sendo assim a consulta pública foi elaborada para o diagnóstico mas também enquanto estratégia da Prefeitura de criar confiança pública.

Histórico e entidades organizadoras

Com a determinação das primeiras medidas de combate à pandemia do coronavírus, as atividades escolares presenciais foram suspensas em Mogi das Cruzes em março de 2020. Em julho de 2020, a Prefeitura de Mogi das Cruzes realizou uma consulta pública e identificou que mais de 90% dos participantes eram contrários ao retorno presencial deste setor.

A partir deste diagnóstico, a Prefeitura concentrou-se em aprimorar o ensino remoto e garantir a entrega de materiais e merenda escolar, e em contrapartida não priorizou o reparo das escolas para um eventual retorno presencial. Em 2021, a nova gestão que assumiu a Prefeitura tinha uma opinião favorável ao retorno presencial das atividades escolares, mesmo antes de que houvesse vacina para todos os envolvidos, e queriam iniciar o processo de adequação das escolas. Portanto, realizaram a consulta pública para avaliar se a percepção da população havia se alterado, e buscar embasamento para iniciar a adequação das escolas para receber os alunos.

No início, houve resistência por parte de alguns atores da Prefeitura, que temiam que a consulta não tivesse engajamento, ou então que a opinião da população permanecesse majoritariamente contrária ao retorno presencial - e, com isso, instauraria-se um clima político que impediria que a Prefeitura pudesse iniciar as ações já planejadas para o retorno presencial, sobretudo o mencionado processo de adequação das escolas.

Após o convencimento de atores como o gabinete da prefeitura, o prefeito e o vice-prefeito, a Secretaria de Educação iniciou o processo de elaboração e implementação da consulta pública, ainda no primeiro mês da gestão.

Seleção de participantes e ferramentas usadas

O método de seleção de participantes da consulta pública era aberto, o que quer dizer que qualquer cidadão do município poderia participar. No entanto, a divulgação foi concentrada em pessoas da comunidade escolar, como os pais e responsáveis pelos alunos, professores e demais profissionais da educação. No questionário, haviam perguntas para identificar qual era o perfil do participante, de acordo com estas categorias.

Além disso, os participantes foram identificados de acordo com o bairro em que viviam e o ciclo educacional a que estavam conectados, quando membros da comunidade escolar (Educação Infantil, Ensino Fundamental ou Ensino Médio). O objetivo de ter essas informações sobre os participantes era possibilitar que as análises sobre o grau de interesse no retorno das atividades presenciais pudessem ser analisadas de acordo com cada perfil.

A consulta pública foi realizada de maneira exclusivamente digital, em um formulário disponível no site da Secretaria Municipal de Educação e em um aplicativo por eles desenvolvido. A divulgação foi feita através das redes sociais da Secretaria Municipal da Educação e do prefeito, além de notícias na imprensa. Os participantes precisavam informar o CPF para participar, e assim a Secretaria podia garantir que não haveria mais de uma resposta por pessoa.

O que passou: processo, interação e participação

A consulta pública ficou disponível durante o período de uma semana. Tratava-se de um questionário, digital, que cada participante respondia individualmente. As consultas públicas normalmente seguem este modelo, em que não há interação entre os participantes - entrando em conflito, por vezes, com as premissas da teoria deliberativa. No entanto, configuram um mecanismo válido de participação social.

Esta consulta não tinha caráter de tomada de decisão - as participações dos cidadãos seriam consideradas na decisão do poder público. Sendo assim, ela cumpria uma função de diagnóstico do problema e das possibilidades de solução, além de servir como um método de fato consultivo para o governo.

Influência, resultados e efeitos

Durante o período da consulta pública, mais de 20 mil pessoas chegaram a participar. O resultado foi equilibrado, e a Secretaria identificou percepções diferentes em cada bairro e em cada ciclo da educação. Os resultados permitiram compreender que havia um maior desejo pelo retorno presencial das atividades de ensino médio, e essa proporção ia diminuindo até chegar nas creches, em que mais da metade das famílias ainda era contra o retorno presencial. A leitura realizada pela Secretaria de Educação é que isso acontecia porque havia uma preocupação maior com a capacidade das crianças de manterem o distanciamento social e o uso das máscaras.

Os resultados da consulta pública foram consolidados em um painel de tomada de decisão, para o uso do poder público, e em dois relatórios, um interno e outro externo. O relatório externo, que foi entregue aos cidadãos, destacou a distribuição de respostas em cada pergunta, com suas porcentagens, e a base de resultados foi mantida em sigilo para entrar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Já o relatório interno inclui, além destas informações, um destaque sobre como o processo de consulta pública abria a possibilidade para o aumento da confiança da população nas decisões tomadas pelos gestores públicos.

A Secretaria de Educação já tinha o objetivo de utilizar as contribuições para embasar o plano de retomada das atividades presenciais, e isso foi feito. Mesmo que não tenham obtido uma maioria expressiva a favor do retorno presencial, os dados indicaram uma maior abertura do que a identificada na consulta pública realizada pela gestão anterior em 2020, e foi possível planejar um retorno seguro, com a adesão da população.

Em termos de ação governamental, a Prefeitura não reabriu as escolas imediatamente após essa consulta porque, de acordo com o então secretário de Educação, o momento da pandemia não permitiu. De fato, os primeiros meses de 2021 foram marcados pela fase mais letal da pandemia no Brasil. No entanto, o indicativo de que a população desejava um retorno presencial das escolas fez com que a gestão se organizasse para adaptar as escolas e estabelecer o plano de retomada, que foi implementado assim que permitido de acordo com os indicadores epidemiológicos e com o Plano São Paulo.

Análise e lições aprendidas

O secretário de Educação afirma que o principal aprendizado foi que é possível fazer um processo amplo de participação da população para embasar um processo de decisão do poder público. No entanto, o secretário destaca que ficou evidente que há uma população que a Prefeitura não consegue alcançar, sobretudo através das iniciativas digitais e que pretendem ser realizadas de maneira tão rápida.

Embora as ferramentas digitais tenham possibilitado a consulta pública em um momento de distanciamento social, é importante destacar que a exclusão digital, que diz respeito às pessoas que não têm acesso facilitado à Internet, foi apontada pelo secretário como um fator crítico e que deve ser corrigido em futuras ações da Prefeitura. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2020, a população brasileira com acesso à Internet é de 81%, mas apenas 37% utilizaram serviços públicos digitais em 2020. Processos exclusivamente digitais não são apenas inacessíveis a uma parte considerável da população, mas também podem contribuir para a exclusão social e política desses grupos.

Ver também

Referências

Links externos

https://portal.sme-mogidascruzes.sp.gov.br/noticias/consulta-publica-sobre-retorno-da

s-aulas-presenciais-sera-de-18-a-21-de-janeiro

https://www.portalnews.com.br/_conteudo/2021/01/cidades/134633-51-dos-pais-sao-f

avoraveis-ao-retorno-as-aulas-segundo-consulta-publica.html

Notas

Primeira versão 13/07/2022 por Luiza Brunetti Silva Jardim